Um contato entre a professora Ligia dos Santos e a educadora artística, e também espeleóloga, Teresa de Aragão (EGB, EspeleoRio, eBRe, IBES), motivou a promoção de uma Oficina de Artes, com foco na Educação Patrimonial, na Escola Municipal Vitor Rodrigues Motta, localizada no Bairro da Serra em Iporanga (SP).
Com o objetivo de utilizar formas de expressão artística em atividades educativas interdisciplinares voltadas para a Educação Patrimonial, considerando que o cenário de Iporanga integra a região da Província Espeleológica do Vale do Ribeira, a temática do patrimônio espeleológico convém profundamente para a abordagem desta oficina.
Esta iniciativa deu continuidade ao escopo construído pela proposta do projeto “SBE Vai à Escola”, que remonta as atividades da diretoria da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) no ano de 2007, no objetivo de divulgar a espeleologia e suas áreas afins junto aos estudantes das instituições de ensino fundamental, médio e universitário, em uma época em que a ideia de criação de uma escola brasileira de espeleologia ainda estava em construção na comunidade espeleológica.
Então, em junho de 2024, junto a diretora em exercício, Sra. Maria Dire, e ao corpo docente da escola, foi promovido um encontro de duas horas cheias (120 minutos), no qual se abordou uma breve introdução à tópicos da: espeleologia; formação de cavernas e as variedades de rochas que tipicamente formam cavernas; fauna subterrânea; arqueologia e paleontologia. Essa carga multidisciplinar própria da espeleologia foi aproveitada para orientar formas de abordagem desses conteúdos em sala de aula, integrando-os aos conteúdos escolares do ensino fundamental de maneira participativa e interdisciplinar, ou seja, em Língua Portuguesa, Geografia, Matemáticas e Ciências. Ainda, se abordou a importância das linguagens criativas; tais como desenho, pintura e teatro; nos processos de construção do conhecimento escolar, se fornecendo várias sugestões de atividades a serem desenvolvidas com os alunos. Como material de apoio, além da aula ministrada, se apresentou a cartilha infanto-juvenil da eBRe Você sabe o que é uma caverna?, alguns folders sobre fauna subterrânea do Instituto Brasileiro de Estudos Subterrâneos (IBES) e do Laboratório de Estudos Subterrâneos (LES) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o folheto Fauna das Cavernas do Parque Estadual de Intervales e seu entorno, além de alguns livros com fotografias e desenhos pertinentes à espeleologia.
No dia 11 de junho foram atendidas as turmas da professora Camila, no período da manhã (10 às 12 horas), e do professor Humberto, no período da tarde (13 às 15 horas), e no dia 12 de junho foram atendidos três grupos distintos de alunos em turnos (8 às 10 horas, 10 às 12 horas, 13 às 15 horas), acompanhados pelos professores Roseli, Kely Regina, Fabiane, Humberto, Maria Aparecida e Lucimeri.
Todos tiveram uma palestra introdutória à espeleologia, abordando o que são as cavernas, quais os vestígios arqueológicos e paleontológicos encontrados em cavernas ou em áreas próximas às mesmas, com o apoio dos materiais didáticos disponíveis, alguns sobre sua própria região, para, então, realizarem atividades com desenho e/ou pintura.
Na primeira atividade se propôs a impressão das suas próprias digitais em uma folha de papel para, a partir delas, desenhar animais cavernícolas, e na segunda atividade a proposta era desenhar a partir de técnicas diversas, como lápis de cera, texturas de folhas secas coletadas no entorno das cavernas, palitos de madeira com nanquim (simulando as técnicas tradicionalmente utilizadas pelos povos indígenas do Brasil para desenho e pintura) e pintura com anilina.
A iniciativa foi muito bem recebida e elogiada pelos professores e alunos participantes, assim como pela Secretaria Municipal de Educação de Iporanga, que trouxe um feedback altamente positivo para a oficina, inclusive solicitando que a realização da mesma fosse estendida para outras escolas municipais. Ainda, a realização da oficina incentivou a Secretaria a iniciar uma mobilização para levar as turmas das escolas em visitações as cavernas da região.
Segundo as palavras da instrutora desta oficina, Sra. Teresa de Aragão, “De minha parte, foi uma ótima experiência, rica e gratificante, que me permitiu estar novamente com alunos do ensino fundamental, assim como compartilhar minha experiência em educação com as professoras do Bairro da Serra. E pretendemos realizar novas oficinas nas escolas de Iporanga, conforme solicitação da Secretaria de Educação de Iporanga”.